Para pacientes com insuficiência renal crônica, o transplante é o único tratamento

Nesta quinta-feira, 9 de março, é comemorado o Dia Mundial do Rim. Essencial para o funcionamento do organismo, pois filtra o sangue para eliminar substâncias nocivas, quando o rim está parando de funcionar ocorre a insuficiência renal crônica e a única saída é o transplante renal. “O transplante é indicado tanto para pacientes em fase terminal, (quando ele está fazendo diálise), ou em fase preempetiva, que é quando o paciente tem a filtração renal abaixo dos 20% e não se encontra em diálise ainda”, esclarece chefe do setor de nefrologia do Hospital São Vicente – Funef, Luciana Percegona – o hospital é credenciado ao Ministério da Saúde desde 2008 para realizar transplantes renais.

Desde o início de 2017, já foram realizados sete transplantes renais no Hospital São Vicente. Contudo, no Paraná existem cerca de mil pacientes na lista de espera por um rim – no Brasil, são cerca de 20 mil pacientes, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. A doação, fundamental para salvar a vida de muitas pessoas, ainda é um tabu para muitas famílias – cerca de 44% rejeitam o procedimento, segundo o Ministério da Saúde. “Observamos um certo receio, por parte de alguns familiares, em autorizar a doação de múltiplos órgãos de seus entes falecidos por causa do medo de um corpo desfigurado no velório. Por isso, ressaltamos que a retirada dos órgãos é realizada por equipe especializada que sempre tem em conta o respeito os valores dos familiares do doador”, explica a médica.

A expectativa de sobrevida de pacientes transplantados depois de cinco anos, segundo o Ministério da Saúde, é de 70% a 80%. O acompanhamento pós-transplante é rigoroso e inclui avaliação semanal por 30 a 50 dias, ajustes medicamentosos, exames e consultas periódicas. Luciana Percegona explica que a rejeição do órgão acontece em torno de 10% a 12% dos casos. “A rejeição ocorre apesar da melhoria das drogas imunossupressoras (que agem no sistema imunológico reduzindo, assim, o risco de rejeição), entretanto, a má aderência ao uso dos medicamentos imunossupressores é a principal causa de rejeição do órgão transplantado, mas há tratamentos eficazes para a cura”, ressalta.

Indicações da cirurgia
Edema (inchaço) nos pés e pernas, dores lombares, aumento da pressão arterial, palidez e sangue na urina são alguns sintomas que podem indicar deficiência na função vital dos rins. Os pacientes com insuficiência renal devem procurar um nefrologista que atue na área de transplante, para ser avaliado e colocado em lista de espera. “Primeiramente, ele passa por uma avaliação rigorosa para investigação das condições cardíacas, hepática, pulmonares e infecciosas e só após a exclusão de doença grave é que o paciente pode entrar na fila de espera. Essa fila é coordenada pela central estadual de transplante conforme critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, conta a nefrologista.

São poucos os casos em que o transplante renal é contraindicado. “Não é indicado quando o paciente tem câncer, doença cardíaca ou pulmonar graves (que não tenham tratamento), cirrose hepática (nessa situação, é preciso investigar a possibilidade de transplante duplo de fígado-rim) e doença circulatória grave, a qual impedir o transplante renal”, frisa a médica.

Como ser um doador de órgãos
Para se tornar um doador de órgãos, basta apenas conversar com sua família e avisar da intenção em caso de falecimento. É importante lembrar que não existe alteração estética na retirada dos órgãos, que é realizada como uma cirurgia seria em uma pessoa viva. No hospital, o processo para a doação de um órgão passa pela logística da Central Estadual de Transplante (CET/PR). Doenças infectocontagiosas (como H1N1) são um critério de descarte, pois podem ser transmitidas para o receptor do órgão ou tecido. Entretanto, já há possibilidade de realizar o transplante caso o doador e receptor sejam portadores de HIV – nessa situação, a disponibilização é possível.

Ciclo de Palestras
Para marcar a passagem do Dia Mundial do Rim, o urologista Thadeu Brenny Filho, chefe do Serviço de Urologia do Hospital São Vicente e conselheiro do CRM-PR – Conselho Regional de Medicina do Paraná, representará o Hospital São Vicente em um ciclo de palestras nesta quinta-feira, 9 de março. O evento é promovido pelo Programa de Educação Médica Continuada do CRM-PR, em parceria com a Sociedade Paranaense de Nefrologia e a Secretaria Estadual da Saúde.