*Artigo escrito pelo Dr. Kleber Xavier, geriatra do Hospital São Vicente – Funef, em Curitiba (PR)

Com a proximidade do Dia dos Pais, nos recordamos de todos os momentos que vivenciamos com eles, sempre os colocando em um pedestal, considerando-os invencíveis e eternos.

Porém, os dias vão passando, e lentamente vamos percebendo que nossos pais não são perfeitos, que cometem falhas, que também se emocionam, que ficam doentes e, por fim… envelhecem.

É nesse instante que surgem perguntas na cabeça de cada filho: quando eu deixarei de ser cuidado, para passar a cuidar? Quando ocorrerá a inversão dos papéis que ocorreram durante tantos anos?

Isso também é novidade para nossos pais, ninguém está completamente preparado para um dia tornar-se dependente e ter que pedir ajuda, mostrar seu lado frágil e aceitar as limitações que essa nova condição passou a impor.

Essa mudança deve ser gradativa, com muita sensibilidade por parte dos filhos, demonstrando dia após dia que pode estar presente na vida dele e dedicar-se a ajudá-lo, mesmo na mais simples tarefa. Demonstrando que tudo isso está sendo feito com amor, cuidado e atenção, o idoso perceberá que só está neste momento sendo retribuído toda a dedicação que por décadas este teve com o próprio filho, não tendo então a sensação de ser um incômodo para seus filhos.

Vários sinais indicam que está ocorrendo um aumento no grau de dependência dos idosos. O que fica perceptível aos filhos é a marcha lentificada, desequilíbrio, redução do peso, a perda da memória e do raciocínio, que antes estava preservado. A partir deste ponto, instala-se a fragilidade, com risco aumentado para eventuais quedas, infecções e complicações mais graves.

Por fim, é importante ter em mente que também esperamos ter o privilégio de envelhecer e, quando este dia chegar, também necessitaremos de cuidados por parte da nossa família. Portanto, dedique seu tempo, seu amor e seu carinho para seus pais, assim como espera que aconteça um dia com você mesmo.