O Dia Mundial de Combate ao Câncer – lembrado em 8 de abril – foi criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC) para marcar o combate à doença, que a cada ano atinge milhares de pessoas.  O câncer continua sendo um problema de saúde mundial e estima-se que se os tratamentos não evoluírem, será a principal causa de óbitos por doenças em 2029, ultrapassando as doenças cardiovasculares, que hoje são a primeira causa. No Brasil, apenas em 2018, foram estimados cerca de 300 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

O cirurgião oncológico e chefe do Serviço de cirurgia oncológica do aparelho digestivo do Hospital São Vicente Curitiba, Dr. Marciano Anghinoni, comenta sobre os recentes avanços no tratamento do câncer e importância das medidas de prevenção. De acordo com especialista, a última década foi marcada por importantes avanços no tratamento do câncer.

Muitas medicações novas surgiram, fruto de novas pesquisas. Tradicionalmente, a quimioterapia foi por muito tempo o principal tratamento indicado para tumores que não podiam ser operados ou que estavam em estágios avançados. Nos últimos anos, novos tratamentos medicamentosos, com ação diferente da quimioterapia, foram desenvolvidos e passaram a serem utilizados, como a imunoterapia e a terapia de alvo específico. Além disso, a abordagem multidisciplinar do paciente com câncer, oferecendo uma combinação de tratamentos de acordo com o tipo e o estágio do tumor, proporciona atualmente maiores taxas de cura para muitos tipos de câncer.

A imunoterapia ajuda o sistema imunológico a atacar o câncer. Este tratamento funciona de várias maneiras, seja impedindo que o câncer se espalhe ou aumentando a própria resposta imunológica da pessoa contra o câncer. Uma outra linha de tratamento imunológico, com várias pesquisas em andamento, é a que utiliza vacinas desenvolvidas a partir das células tumorais do paciente.

Pesquisas sobre alterações genéticas do câncer, levaram ao desenvolvimento de novos medicamentos de alvo específico em células malignas. Isso faz com que o tratamento do câncer seja cada vez mais personalizado e as medicações sejam administradas de acordo com as mutações genéticas que o tumor apresenta.

Na área da radioterapia, novas técnicas como a radioterapia com modulação de intensidade (IMRT) ou radioterapia guiada por imagem (IGRT) proporcionam tratamentos mais precisos, poupando os órgãos saudáveis próximos ao tumor, de receberem a radiação, e com isso diminuindo os efeitos tóxicos que os tratamentos anteriores apresentavam.

No campo da cirurgia oncológica, elas tonaram-se menos invasivas e menos radicais. A abordagem combinada com quimioterapia e radioterapia é capaz de evitar cirurgias mutiladoras e de maior risco. Diversos tipos de câncer são atualmente tratados com cirurgias laparoscópicas ou robóticas, que permitem ao paciente menor tempo de recuperação e internamento, menos dor e menor chance de hérnias e outras complicações.

Apesar disso, por razões não completamente compreendidas, a incidência de alguns cânceres está aumentando, como no caso do câncer de fígado e pâncreas. Por isso, enquanto tratamentos mais efetivos ainda não são disponíveis para todos os pacientes, as medidas preventivas e de diagnóstico precoce continuam sendo uma grande arma no combate ao câncer. Nesse sentido, evitar o tabagismo, o excesso de álcool, a obesidade, o sedentarismo, e o consumo de alimentos ultra processados, são importantes atitudes comportamentais a serem adotadas.

De acordo com o Ministério da Saúde, frutas, legumes, verduras e cereais integrais, por exemplo, são alimentos que ajudam na prevenção do câncer, quando incluídos em uma dieta variada e equilibrada. Assim como a prática de exercícios físicos diminui a obesidade, que é fator de risco para câncer. Realizar consultas médicas frequentes e procurar atendimento ao menor sinal de que algo não está bem com seu corpo, faz com o câncer possa ser diagnosticado em estágios mais precoces, onde a chance de cura é maior.

Dr. Marciano reforça que no mundo todo várias associações médicas e entidades de classe se mobilizam através de campanhas e sites na luta contra o câncer e o dia 8 de abril simboliza e reforça essa luta. No Brasil, da mesma forma, sociedades médicas, como a sociedade brasileira de cirurgia Oncológica-SBCO (sbco.org.br), a sociedade brasileira de oncologia clínica (sboc.org.br) e outras instituições médicas e não governamentais, como o grupo “Todos juntos contra o câncer” (todosjuntoscontraocancer.org.br) se empenham em realizar campanhas de combate ao câncer visando conscientização, prevenção e diagnóstico precoce.