Evento acontece no Dia Mundial do Rim para lembrar a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença renal crônica

Uma em cada dez pessoas no mundo é afetada pela doença renal crônica, também conhecida como insuficiência renal crônica, que causa lesões irreversíveis nos rins. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a incidência da doença no país é crescente. Entre 2005 e 2019, o número de pacientes em diálise crônica mais que dobrou: foi de 65.219 para 139.691.

No Dia Mundial do Rim, comemorado neste ano em 10 de março, o Hospital São Vicente Curitiba promoverá a live “Saúde dos rins para todos: educando sobre a doença renal”, voltada ao público geral. A transmissão gratuita será a partir das 20h, no Canal do YouTube da instituição.

A chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Vicente Curitiba, Dra. Luciana Percegona, o nefrologista Dr. Rodrigo Leite da Silva e a nutricionista clínica Natasha Modanese explicarão mais sobre as doenças que afetam os rins, formas de prevenção e importância do diagnóstico precoce.

Durante o dia, ainda haverá distribuição de 300 fôlderes informativos e copos de água, cujo consumo é fundamental para o bom funcionamento dos rins, nas recepções do Hospital São Vicente Curitiba.

Segundo a Dra. Luciana Percegona, a prevenção é a atitude mais importante quando falamos de doença renal crônica. “Controlar adequadamente a hipertensão arterial e o diabetes, que são as principais causas da doença, manter uma dieta equilibrada, evitando o excesso de sal, de carne vermelha e de gordura, eliminar hábitos como o tabagismo, limitar a ingestão de bebidas alcoólicas, praticar exercícios físicos regularmente, reduzir o peso e ter cautela em relação ao uso de alguns medicamentos são essenciais, além de fazer acompanhamento médico regular”, salienta.

A doença renal crônica também pode surgir a partir de uma nefrite (uma inflamação dos rins), cistos hereditários, doenças das vias urinárias, que levam à obstrução dos rins, e doenças congênitas. As infecções urinárias, quando não tratadas corretamente, são outro fator de risco para a doença renal crônica.

“Se a infecção urinária atinge o trato urinário superior, ou seja, os rins, recebe o nome de pielonefrite, que é uma inflamação infecciosa que acomete o parênquima renal. Quando não tratada adequadamente pode lesionar as estruturas funcionais do rim presente no parênquima renal, levando à doença renal crônica”, alerta a chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Vicente Curitiba.

Doença não tem cura, mas tem tratamento em estágios iniciais

Com progressão lenta e assintomática nos estágios iniciais, doença renal crônica não tem cura. Em casos avançados, o tratamento ocorre somente por diálise ou transplante. Porém, o transplante renal tem algumas contraindicações. “Ele não pode ser realizado em pacientes com neoplasia em atividade, infecção ativa não resolvida, impossibilidade técnica ao transplante renal e risco cirúrgico proibitivo”, observa a nefrologista. “O transplante está também contraindicado nos casos de infecção de Covid-19 ativa. Nesses casos deve-se esperar 30 dias”, complementa.

De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, o rim é o órgão com a maior lista de espera. Até dezembro de 2021, eram 1.494 pacientes aguardando por uma doação compatível. No caso dos rins, é possível que uma pessoa viva seja doadora, mas o transplante de órgão de pessoa falecida ainda é o mais frequente – no ano passado, representou em torno de 95% dos procedimentos realizados no estado.

Mas, com o diagnóstico precoce, que é feito por meio de exames simples de laboratório, como a dosagem de creatinina, parcial de urina e ecografia dos rins, é possível realizar tratamento para evitar a progressão da doença renal crônica. “Todos os pacientes hipertensos, diabéticos, idosos acima de 65 anos, obesos, tabagistas, com doença cardiovascular (infarto, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica), com familiares com doença renal crônica terminal ou dislipidemia devem fazer avaliação periódica do funcionamento dos rins”, afirma a nefrologista.

Dra. Luciana Percegona ressalta ainda que em casos de sintomas como noctúria (necessidade de se levantar várias vezes à noite para urinar), alteração no volume, presença de espuma ou cor da urina, inchaços nas pálpebras, tornozelos e pés, fraqueza, perda do apetite, náuseas e vômitos é necessário sempre procurar um nefrologista.