Dia 10 de maio é o Dia Mundial da Luta Contra o Lúpus. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a estimativa é que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença. Confira a entrevista com o reumatologista do Hospital São Vicente – Funef, de Curitiba (PR), Dr. Ciro Kessel:

O que é o Lúpus?

Dr. Ciro Kessel: A palavra “lúpus” vem do latim lupus, que significa “lobo”. Refere-se à erupção cutânea que surge no rosto, semelhante a uma borboleta e que faz lembrar as marcas brancas no focinho de um lobo. Já “eritematoso” vem do grego e significa vermelho, referindo-se à coloração vermelha da erupção cutânea. É uma doença sistêmica de etiologia desconhecida em que as respostas imunes são dirigidas contra os próprios tecidos do corpo.

Quantos tipos de lúpus existem?

Dr. Ciro Kessel: Existem 2 tipos de lúpus. O Lúpus Cutâneo que se caracteriza por manchas avermelhadas (eritematosas) na pele, sobretudo em locais que ficam expostos ao sol, como rosto, orelhas, braços, nuca. E o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), que atinge um ou mais órgãos internos.

Como reconhecer pacientes com LES?

Dr. Ciro Kessel: Reconhecemos pacientes com LES por uma série de anormalidades clínicas e laboratoriais. Os pacientes apresentam manifestações variadas. Algumas pessoas experimentam apenas erupções cutâneas malar (rosto), discoides (outras partes do corpo), úlcera na boca ou nariz, perda irregular de cabelo, serosites (inflamação pleura, pericárdio ou abdome) artrites, doenças renais, alterações neuropsiquiátricas, febre debilitante, fadiga, dores nas articulações, anemia hemolítica, leucopenia (baixa de leucócitos) e plaquetopenia (baixa das plaquetas).

E os exames para diagnóstico?

Dr. Ciro Kessel: O reumatologista avaliará os sinais e sintomas dos pacientes com Lúpus para solicitar os diversos exames complementares específicos.

Como devem ser tratados os pacientes com lúpus eritematoso sistêmico?

Dr. Ciro Kessel: Existem medicamentos que visam prevenir as complicações, tratar os sinais e sintomas. Um avanço nos tratamentos são os medicamentos imunobiológicos que são utilizados em alguns casos de Lúpus e que proporcionam melhor qualidade de vida e maior sobrevida.

E a gravidez para pacientes com Lúpus?

Dr. Ciro Kessel: É uma gestação de alto risco. Mas para uma gravidez ser bem-sucedida, a concepção deve ocorrer, idealmente, num período de remissão da doença, sob um planeamento adequado e monitoramento contínuo de uma equipe multidisciplinar. As medicações recebem outro controle.