Neurologista do Hospital São Vicente Curitiba explica os sintomas e os principais fatores de risco

Nesta próxima sexta-feira, 29 de outubro, é lembrando o Dia Mundial do AVC. De acordo com Pesquisa Nacional de Saúde 2019, do IBGE, 3,1 milhões de brasileiros afirmaram já ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral), conhecido popularmente como derrame.

A Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization) estima que uma a cada seis pessoas no mundo terá um AVC ao longo de sua vida, que pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e está entre as principais causas de mortalidade e incapacitação.

“O AVC é considerado a segunda causa de morte por doença no Brasil, ficando atrás apenas do infarto”, alerta Dr. Rarene Cavalcanti Jaguaribe, neurologista do Hospital São Vicente Curitiba. O atendimento rápido ao surgirem os sintomas é essencial para minimizar complicações e evitar fatalidades.

Alterações de linguagem, quando a pessoa subitamente tem dificuldade para falar ou começa a ter fala enrolada, fraqueza em algum lado do corpo, dificuldade para levantar ou andar, além de dor de cabeça, náusea, vômito e tontura que surgem de repente são os principais sinais de que a pessoa pode estar sofrendo um AVC. “Caso o familiar perceba esses sintomas, é preciso levar rapidamente a pessoa um pronto atendimento, preferencialmente que tenha um neurologista”, salienta Dr. Rarene Cavalcanti Jaguaribe.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, quando falta sangue devido ao entupimento de uma artéria no cérebro, e o hemorrágico, que acontece devido ao rompimento de uma artéria, provocando sangramento, geralmente associado à hipertensão.

O AVC isquêmico é o mais comum, representando cerca de 80% a 85% dos casos, diz o neurologista. Mas, os sintomas são os mesmos para ambos e o diagnóstico é feito por meio de tomografia para definir o tratamento, que vai de medicações até cirurgia, dependendo de cada caso. “Para o isquêmico existem tratamentos específicos para melhorar a funcionalidade, diminuir as sequelas. Têm pacientes que, inclusive, melhoram quase que completamente. Já o hemorrágico é tratado de acordo com causa do AVC”, explica.

Complicações e prevenção

As sequelas deixadas pelo AVC dependem do tipo e da localização em que ele ocorreu no cérebro. A pessoa pode ficar com alterações na fala, alteração de força em um dos lados do corpo bem como sensibilidade, dificuldade de equilíbrio e evoluir, inclusive, com quadro demencial. “Pode ocorrer desde uma sequela mínima até uma sequela grave, quando paciente fica permanentemente acamado”, observa Dr. Rarene Cavalcanti Jaguaribe. A Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares aponta que 70% dos pacientes que sofrem um AVC não retornam ao trabalho e 50% ficam dependentes de outras pessoas.

Para tentar prevenir o AVC, o neurologista salienta que é fundamental controlar os fatores de risco: diabetes, colesterol alto, o tabagismo, a hipertensão e o consumo excessivo de álcool. “A pressão alta é a principal causa do AVC hemorrágico.”

Algumas doenças também podem provocar o AVC, como as arritmias cardíacas, principalmente a fibrilação atrial. “Nos pacientes mais jovens, abaixo de 60, 55 anos, costumam ter algumas causas bem específicas que podem estar associadas ao AVC isquêmico, como a forame oval patente, um defeito cardíaco congênito”, observa o neurologista. “Quando falamos de mulheres, é importante ficar atenta ao anticoncepcional oral, que é um fator de risco, e à gestação e ao puerpério, que são períodos críticos em que a paciente pode ter um AVC”, complementa o neurologista Dr. Rarene Cavalcanti Jaguaribe, do Hospital São Vicente Curitiba.